quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Segundo estado- Bahia- Porto Seguro

Minha segunda saída do Estado de São Paulo foi para a Bahia, para ser mais clara, Porto Seguro.
Na década de 1990 era um dos destinos mais badalados, o local do desejo de formandos e dos estudantes na "Semana do saco cheio".
No mesmo "esquemão" estudante, fomos de ônibus, em uma excursão de cidade pequena. Fomos convidadas (eu e as amigas) por uma das meninas da minha sala, moradora dessa cidade.
Após 24 horas de estrada, ao chegar lá descobri que não estávamos hospedadas em Porto Seguro, e sim, em Arraial D'Ajuda.
 Arraial é vizinha de Porto Seguro, e é uma cidade muito bonitinha, com praias lindas, onde vi um dos nasceres do Sol mais lindos da minha vida.
Vinte e poucos anos, Bahia, estávamos abertas a todo tipo de novidades (legalizadas) e pequenas adversidades não nos derrubariam.
A primeira delas era que o fato de estar hospedada em Arraial trazia dois gastos extras: a balsa e a van. Em Arraial havia um luau famoso, mas o resto da semana o agito era em Porto Seguro, na Passarela do Álcool, uma rua em que a noite enche de barraquinhas decoradas, onde vendem batidas com frutas. A da moda era o Capeta. E imagine... para estudantes com o dinheiro contado havia a balsa e a van para ir e voltar toda noite. Durante o dia os traslados faziam parte da excursão, e incluíam além de Porto Seguro, Cabrália, Trancoso...
Chegávamos na pousada bem tarde da madrugada, depois dormíamos e acabávamos levantando por volta das 9 horas da manhã. Ao procurar o café da manhã, veio a segunda adversidade, quase não havia comida! E na manhã seguinte, a mesma situação!
As pessoas comiam e a pensão não repunha, não estava acordado com a excursão (what?), pois é, isso mesmo.
A excursão lotou o local, quem estava comendo tudo se o povo acordava no mesmo horário? Após investigar, descobrimos que um grupo de moleques (parrudinhos) chegava da balada por volta das 6, 7 horas e ia direto para o café e só dormiam após detonar tudo! E depois eles acordavam por volta das 11 horas, e logo era o almoço.
Qual foi a solução? Chegar da balada antes deles, ir lá e garantir a comida. Sim... Técnica de sobrevivência.
A terceira adversidade era que os donos da pousada tinham cachorros enormes que ficavam soltos todas as madrugadas, ou seja, antes de entrar na pousada tínhamos que acordá-los (os donos) para que eles segurassem os cãezinhos enquanto nós entrávamos. Pense no pânico das nossas chegadas na madrugada... "Vai que hoje eles não acordam"...rs.
No mais foram dias bem divertidos, onde descobri um monte de coisas sobre cidades turísticas, vi celebridades nas ruas e conheci muita gente diferente e divertida.
No retorno a São Paulo, um carro em alta velocidade se chocou com o nosso ônibus. Senti na prática a teoria de que em alguns momentos o tempo passa devagar, pois vi tudo em câmera lenta, cada uma das capotagens... e que anjos existem em forma de pessoas. Um casal ao ver o ônibus jogado no meio do gramado, com um monte de garotos descendo tontos pela porta de emergência, nos ajudou a conseguir carona até o hospital mais próximo. Mais gente se juntou a eles e começou a parar os carros no meio da rodovia.
Parte do grupo (que estava com alguma lesão) foi para o hospital e outra ficou com o ônibus recolhendo as malas e depois transferindo para o veículo novo. Era só berimbal e cocada para todo lado!
Apesar de não ter sofrido nenhum arranhão, pois estava acordada no momento e consegui me segurar no banco, fui ao hospital acompanhar uma amiga  que teve um pequeno corte na testa. A maioria do grupo estava sem cinto, brincando e cantando no corredor, voou ônibus afora. Apesar de tudo, apenas duas pessoas se machucaram mais no acidente, porém foram liberadas para retornar para casa no mesmo dia.
No caminho de volta, mais calma, cinto de segurança e agradecimentos pelo motorista ter conseguido desviar da ribanceira para onde o carro em alta velocidade nos jogou, e atirado o ônibus para um morrinho que freou o veículo, apesar dos capotamentos.
No final, é mais história para contar.

A balsa de Porto Seguro.
Fotografia: Adriana.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Por que "cada palmo"?

O nome Cada Palmo vem da música "Frete" do Renato Teixeira. A música foi tema do seriado "Carga Pesada" da Rede Globo. E tem a ver com o espírito livre dos dois caminhoneiros protagonistas da série, Pedro e Bino (interpretados pelos atores Antonio Fagundes e Stênio Garcia), e as histórias acumuladas ao longo de suas viagens pelo Brasil.





Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=AB0WaAN3lzo



Imagem disponível em: http://canalviva.globo.com/programas/carga-pesada/materias/
pedro-e-bino-passam-por-apuros-em-uma-estrada.html. Acesso em: 14jan.2016.









sábado, 26 de dezembro de 2015

O primeiro estado e a primeira capital

Até meu segundo ano na faculdade eu só tinha viajado uma vez, e para o litoral (ao Guarujá-SP), e conhecia pequenas cidades do entorno do meu município de origem (Ribeirão Preto-SP).
A oportunidade de viajar para um congresso acadêmico em Belo Horizonte foi a chance ideal. Por ser um evento para o meu crescimento profissional e pelos custos baixos que teria, minha mãe concordou em financiar a empreitada.
Fui com uma amiga e ficamos hospedadas na casa de um primo dela. Recém-divorciado, ele vivia em uma casa próxima à região da Pampulha, ainda improvisada, com poucos móveis, quase uma república estudantil. Ele mal ficava lá. Dormia quase todos os dias na da namorada. Estávamos em casa.
Chegamos no domingo no final da tarde. A recepção foi ótima. Ele fez questão de nos buscar na rodoviária, e ainda passou no supermercado e comprou um monte de alimentos (frutas, sucos, biscoitos...). Não esperávamos tanta hospitalidade! Havíamos comprado alguns petiscos para a viagem e para os primeiros dias,e separado dinheiro para o táxi da rodoviária para a casa dele.
Na segunda-feira de manhã fomos à UFMG (local do evento) para pegar as pastas do congresso. Foi a última vez que estivemos lá. A possibilidade de visitar as cidades históricas e "virar BH do avesso" era mais interessante que qualquer palestra (digo isso mesmo sendo "nerd", amando a minha área e mais de vinte congressos completos depois). Preparamos um roteiro para cada dia.
Era uma época pré-Internet. Nosso manual (foto abaixo) era um guia de viagens do Brasil que eu juntei em fascículos de um jornal sonhando conhecer todos os locais lá estampados.
Foram dias inesquecíveis! Belo Horizonte foi a primeira capital brasileira que eu conheci.


Guardo o guia até hoje.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O começo


Cada Palmo é um projeto sem um prazo fechado. Ele pode durar toda a vida ou terminar em dois ou três anos.  Seu começo foi na época da minha graduação (entre 1995 e 1998), quando fiz as minhas primeiras viagens fora do Estado de São Paulo. Conheci Minas Gerais (Belo Horizonte, Ouro Preto e Sabará), Bahia (Porto Seguro) e Rio Grande do Sul (Porto Alegre, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Bento Gonçalves, Gramado e Canela). Além do mais, foi neste mesmo período que eu a conheci a capital do meu estado (a cidade de São Paulo). Naquela época ele era um desejo ainda sem nome.
O que favoreceu a arrancada nas viagens foi a liberdade de estar morando fora da minha cidade e de conhecer mais pessoas, possibilitando conexões entre gastos e disponibilidade para viagens (de baixo custo), fora o fato da idade e do período. Ser universitária e ter vinte e poucos anos traz mais  desprendimento (pelo menos para os meus amigos e para mim) em fazer viagens com menos dinheiro e conforto. Dormir em colchonete e jantar biscoito era uma diversão. A única coisa que não curtia muito era o banheiro coletivo (em locais com muitas pessoas, muitas mesmo), até descobrir formas de driblar o incômodo (e teve um jeito mesmo!). No mais, foram e continuam sendo, momentos inesquecíveis (hoje mais confortáveis rs) os quais rememorarei neste espaço.